Prefeitura desconfia de valor do estádio do

Secretário Especial diz que só terraplanagem está “liberada” no terreno em Itaquera

A Secretaria Especial de Articulação para a Copa do Mundo de 2014, órgão oficial da Prefeitura de São Paulo para o Mundial, vai questionar a Odebrecht sobre o valor do estádio do Corinthians. Orçado inicialmente em R$ 700 milhões para a abertura da Copa, o projeto sofreu acréscimo e agora está avaliado em R$ 1,07 bilhão, valor considerado alto pelo Secretário Especial, Gilmar Tadeu Ribeiro Alves.

Fielzão só deve ficar pronto três meses antes da Copa
Em entrevista exclusiva ao R7 nesta sexta-feira (20), na sede da Secretaria Especial, em São Paulo, Ribeiro Alves se mostrou otimista em relação à abertura do Mundial. Há apenas um mês no cargo, ele diz, porém, que ainda vai confrontar os valores apresentados pela Odebrecht em São Paulo com os que a empresa pratica em outras obras em estádios no Brasil.
Veja abaixo a entrevista completa com o Secretário:
R7 - A abertura da Copa de 2014 será em São Paulo? Gilmar Tadeu Ribeiro Alves - Sim, a abertura será em São Paulo. Todo o trabalho e esforço que a administração municipal tem feito é para a realização da abertura na cidade. São Paulo tem as melhores condições do país para realizar a abertura da Copa. Temos as melhores condições materiais, objetivas, subjetivas e a maior infraestrutura para receber esse grande evento. Temos a maior rede hoteleira nacional, infraestrutura de transporte, segurança. Tem todas essas condições e o prefeito do município tem buscado com muito empenho que a abertura seja aqui.
R7 - O maior problema de SP é o estádio ou outras questões de obras na cidade?
Ribeiro Alves - Em um evento desse porte, a cada momento um problema vai ser colocado como a “bola da vez” para ser resolvido. O problema do estádio será sempre o principal, mas a cada momento terá um novo problema principal que nós teremos que resolver com dedicação e determinação. Todos os processos vão ser assim. Nesses anos que antecedem 2014, a cada período nós vamos ter um problema principal. Agora o nosso maior problema é resolver a questão do estádio, mas amanhã outro problema aparecerá como chave.
R7 - O senhor disse que a obra deve ser concluída em 33 meses. O estádio estará pronto até março de 2014?
Ribeiro Alves - O prazo que a construtora [Odebrecht] tem levantado é esse de 30 a 33 meses para a construção do estádio. Eu acredito nisso, porque hoje a tecnologia de construção avançou demais. Os processos têm uma velocidade muito diferente de períodos anteriores. Então acho que é possível a construção dentro desse prazo.
R7 - A Fifa fez alguma exigência para que a abertura seja em São Paulo?
Ribeiro Alves -
Não existe exigência. A cidade é que tem que se colocar em condições para receber a abertura. É claro que a Fifa tem interesse que a abertura seja realizada em um grande centro. Como o Rio de Janeiro terá o encerremanto, pelo menos informalmente isso já está certo, o outro grande polo para receber a abertura é São Paulo. Só que para isso nós temos que construir as condições, e é isso que estamos perseguindo.
R7 - Como está o andamento das obras na cidade, em Itaquera, por exemplo, para a Copa de 2014?
Ribeiro Alves -
Em Itaquera nós temos o metrô na porta do estádio, diferente de outras cidades que não têm essa condição. O estádio será construído na porta do metrô. Com uma rampa de acesso você chega até o estádio. Além disso, o Governo está se preparando para aumentar o número e a frequência de trens e metrô nos horários dos jogos da Copa. A ideia é que, em uma hora, no máximo uma hora e meia, seja possível colocar 60 mil pessoas no estádio e nesse mesmo tempo retirar esse público do estádio. Além disso, já foi aprovado um convênio entre o estado e o município, no valor de R$ 480 milhões, para obras no entorno do estádio, de avenidas que serão construídas, acessos, rotatórias, alargamento da Radial Leste, uma rotatória de acesso da Jacu-Pêssego até a nova Radial, para a aumentar a rapidez para o sujeito que sai do centro de São Paulo chegar pela Ayrton Senna até o estádio em Itaquera. Esse recurso já foi aprovado e os projetos estão em andamento na prefeitura e no Estado.
R7 - Existe um prazo para o início das obras viárias e uma estimativa de quanto tempo elas vão durar?
Ribeiro Alves - Essas obras viárias são mais simples. A maioria das construções de ruas e avenidas será feita em áreas públicas, não tem nem aquela demora de fazer desapropriação. Tudo isso nos deixa com o prazo folgado em relação a essas obras.
R7 - O principal problema para o início das obras do estádio é um impasse entre Corinthians e Odebrecht. Esse problema já foi resolvido? A prefeitura tem como participar desse processo?
Ribeiro Alves - Estamos desenvolvendo iniciativas, mediando uma solução porque nós temos interesse que tudo seja reolvido. Nossa tarefa é criar condições favoráveis, reunir os entes, do Estado, da União e do Município, para colocar as melhores condições para a realização da Copa. Se existe um impasse, nós temos uma determinação de agir para buscar uma solução. Então nós estamos conversando com a Odebrecht, com o Corinthians e dentro da prefeitura. Estamos fazendo todas as ações necessárias para que o problema seja resolvido.
R7 - O senhor está otimista em relação a esse impasse entre Corinthians e Odebrecht? As obras devem começar logo?
Ribeiro Alves - Eu estou otimista. Acho que existe interesse do Corinthians em ter o estádio para a abertura da Copa do Mundo. É uma grande oportunidade para o clube. E a Odebrecht está prestando serviços em outros estádios, está participando de outras obras no país. Claro, cada um tem seus interesses, tem o seu jeito de ver o mesmo problema, mas o poder público tem que agir para dar uma solução para a cidade e o povo de São Paulo.
R7 - O senhor sugeriu que uma das soluções para diminuir o preço do estádio seria a Fifa diminuir a lista de exigências. Sua sugestão pode ser acatada?
Ribeiro Alves -
Nós estabelecemos aqui, via Secretaria da Copa, um contato com o Comitê Local e com a Fifa. Na medida em que esses impasses aparecerem, por exemplo exigências consideradas exageradas, nós vamos operar para se chegar a uma solução.
R7 - E o senhor viu alguma exigência exagerada?
Ribeiro Alves -
Nós temos o projeto completo em mãos. Vamos conversar com o Corinthians, com a Odebrecht e com a Fifa. Vamos procurar uma solução melhor para um estádio de boas condições, de padrão internacional, de acessibilidade, de segurança, de conforto, e com um preço acessível dentro do primeiro valor que nós tínhamos estabelecido.
R7 - Esse valor é R$ 700 milhões, certo?
Ribeiro Alves -
Isso, algo em torno disso. Vamos trabalhar para dar uma solução dentro desse valor de mais ou menos R$ 700 milhões.
R7 - Por que o valor do estádio saltou de R$ 700 milhões para R$ 1,07 bilhão nos últimos meses?
Ribeiro Alves -
Com a posse do projeto detalhado do estádio, o que nós vamos fazer é confrontar com os valores oferecidos, para fazer um juízo. É difícil emitir uma opinião antes disso. Nós queremos confrontar esse acréscimo no preço que está sendo oferecido, confrontar com o detalhamento do projeto e aquilo que é exigência da Fifa, para aí emitir uma opinião. A nossa disposição é de confrontar o que existe de concreto no projeto com as exigências da Fifa, ver se existe mesmo esse acréscimo com essas exigências, de quanto é esse acréscimo e se isso está dentro desse valor. Vamos analisar ponto a ponto o projeto para ver esse valor. Comparando com outras capitais, nós achamos que está saindo um valor muito elevado. Mas precisamos confrontar com a realidade. O que está sendo oferecido no projeto, o que está no projeto, o que se acresce com as exigências da Fifa, quanto se acresce e comparar com o valor que eles estão apresentando.
R7 - Isso vai desde o custo da mão de obra até o preço do tijolo?
Ribeiro Alves -
Sim.
R7 - Essa segunda análise do projeto pode impedir o começo das obras?
Ribeiro Alves -
Não impede, a obra pode iniciar de forma parcial. A terraplanagem, por exemplo, é uma coisa mais fácil de medir quanto vai custar. Não tem exigência da Fifa e não é nada complexo fazer a terraplanagem. Então dá para medir qual o valor que você estabelece para fazer a terraplanagem.

Procuradoria dá 15 dias para Palocci explicar evolução de patrimônio

Casa Civil disse que recebeu pedido nesta sexta-feira (20).
Segundo assessoria, ministro deve responder na próxima semana.

O ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, terá 15 dias para prestar à Procuradoria-Geral da República informações sobre sua evolução patrimonial. A assessoria da Casa Civil confirmou que recebeu o pedido da PGR na noite desta sexta-feira (20) e disse que Palocci pretende enviar as explicações já na próxima semana.
Na última terça (17), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que era preciso “um olhar cuidadoso” sobre a notícia de que o patrimônio de Palocci teria aumentado por 20 entre 2006 e 2010, quando era deputado federal.
“Qualquer fato que envolva autoridades públicas merece sempre esse olhar cuidadoso. Agora é preciso realmente reunir as informações para que se possa formar um juízo a respeito”, afirmou Gurgel.
Segundo o jornal “Folha de S.Paulo”, Palocci comprou um apartamento de R$ 6,6 milhões, registrado em nome de uma empresa de Palocci em novembro de 2010.
No entanto, o procurador-geral destacou que o fato de um ministro de Estado prestar consultoria não caracteriza “crime”. Ele afirmou que precisava de mais informações sobre o caso para avaliar a necessidade de atuação da PGR.
“Os elementos que eu tenho são absolutamente insuficientes para qualquer providência desse tipo.(...) Você tem que encontrar os elementos que caracterizam esse crime, o dolo, o favorecimento, essa coisa toda, que não decorre necessariamente do prestar consultoria. Um dos aspectos fundamentais é você verificar o conflito de interesse. Se não houve conflito de interesse não há problema nenhum”, disse Gurgel.